As empresas que utilizam os produtos e serviços oferecidos pelo Sebrae em São Paulo têm taxas de sobrevivência superiores àquelas que não têm o apoio da entidade, mostra a pesquisa inédita "10 Anos de Monitoramento da Sobrevivência e Mortalidade das Empresas Paulistas", realizada pelo Observatório das MPEs (Micro e Pequenas Empresas) do Sebrae-SP e divulgada nesta segunda-feira (13).
O índice de mortalidade das empresas, com até um ano de atividade, que assistem a palestras, participam de cursos, se utilizam da consultoria, ou então integram projetos do Sebrae é de 17%. Já entre as demais empresas, o índice de mortalidade é de 27%.
"Buscar apoio de entidades como o Sebrae é, por si só, um diferencial dos empreendedores que têm maiores chances de sucesso... Essa cultura precisa ser estimulada", avalia o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella.
Análise de longo prazo
Essa diferença favorável às empresas que buscam apoio no Sebrae-SP se mantém na análise de períodos maiores de atividade. Entre os negócios com até dois anos, o índice de mortalidade do cliente Sebrae é de 27%, contra a média geral de mercado de 38%.
Na comparação entre as empresas com até três anos de atividade abertas na Jucesp (Junta Comercial de São Paulo) e aquelas apoiadas pelo Sebrae-SP, a taxa é de 46%, contra 40%. Em quatro anos de atividades, metade dos empreendimentos abertos encerram as atividades, ao passo que entre os clientes do Sebrae-SP, o índice é de 38%.
Por sua vez, entre as empresas com até cinco anos registradas na Junta Comercial, o índice de mortalidade é de 62%, ao passo que entre clientes do Sebrae-SP a mortalidade é 20 pontos percentuais inferior (42%).
As diferenças
Existem vários fatores que diferenciam os clientes Sebrae-SP dos empreendedores que não buscam apoio na instituição. Em média, 71% dos clientes do Sebrae-SP abrem empresas em sociedade, contra 51% dos empreendedores que não buscam apoio.
Além disso, as empresas que se utilizam dos serviços e produtos oferecidos pela entidade possuem, em média, 11,5 funcionários, contra 6,2 dos demais empreendimentos. Uma conclusão que pode ser tirada é que os empreendedores que buscam apoio do Sebrae estruturam melhor suas empresas e geram mais empregos.
O grau de escolaridade também aumenta entre os clientes do Sebrae-SP, na comparação com as empresas abertas na Jucesp. No primeiro grupo, 89% têm no mínimo 2º grau completo, contra 76% no segundo.
As empresas apoiadas pelo Sebrae também são as que mais procuram capacitação, uma vez que 65% declararam ter realizado algum curso, contra 40% das empresas de mercado. Isso sem falar que a oportunidade representada pelas compras governamentais também é mais aproveitada pelas empresas clientes do Sebrae-SP, com 23% admitindo ter realizado vendas para o governo, índice que cai para 17% entre as empresas de mercado.
Planejamento
No que se refere à pesquisa de mercado e ao planejamento, a média de itens planejados (análise de possíveis fornecedores, número de concorrentes, quantidade prevista de clientes e hábitos de consumo, qualificação da mão-de-obra, aspectos legais do negócio, localização e valor do investimento) é maior entre os clientes do Sebrae-SP (72%), contra a média do mercado, de 69%.
A preocupação com o aperfeiçoamento de produtos é também superior nas MPEs apoiadas pelo Sebrae: 84% ante 79% das não-clientes. O mesmo ocorre em relação à divulgação dos produtos. Na média do mercado, 26% disseram sempre fazer propaganda de seus produtos ou serviços, índice que sobe para 33% entre os apoiados pelo Sebrae-SP, o que pode ser reflexo da capacitação mais intensa.
As diferenças se acentuam em relação à obtenção de empréstimos bancários: mais da metade (51%) das empresas clientes do Sebrae-SP obtiveram algum tipo de financiamento, contra 36% entre as empresas registradas na Jucesp. O coordenador da pesquisa, Marco Aurélio Bedê, explica que "empreendedores que buscam capacitar-se costumam ter um melhor desempenho também na obtenção de crédito, embora esta associação não seja automática".