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Empresas de agronegócio recrutam profissionais de finanças, marketing - 03/11/2008

Impulsionadas pelo investimento estrangeiro e confiantes no crescimento das exportações, as empresas de agronegócio recrutam profissionais de finanças, marketing, logística, manufatura e biotecnologia.

Apesar da crise de crédito nos Estados Unidos e na Europa, as empresas de agronegócio no Brasil têm planos audaciosos no país. Depois de enfrentar uma fase ruim em 2005 e 2006, causada por questões climáticas, problemas de câmbio e preços altos dos insumos, que afetaram a produção agrícola, elas voltaram a investir, impulsionadas pelo grande aporte de capital estrangeiro e confiantes no crescimento das exportações do setor, que em um ano aumentaram 24,2%. “O setor de alimentos será o menos afetado, porque não há restrição de demanda”, diz Amaryllis Romano, economista da consultoria Tendências, de São Paulo.

O setor, que movimenta 611 bilhões de reais ao ano — 24% do Produto Interno Bruto (PIB) —, está aumentando a oferta de empregos. Hoje, o agronegócio é responsável por 35% dos empregos no Brasil e isso vale também para quem não trabalha na colheita. “A demanda é crescente por gente especializada em várias áreas”, diz Sérgio Amad, professor de recursos humanos da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Além de engenheiros agrônomos, biólogos e veterinários, a procura é grande por profissionais das áreas de tecnologia da informação, logística, finanças, Direito, marketing e recursos humanos. “Hoje, a visão do negócio predomina, porque as empresas estão preocupadas em ter um crescimento sustentável”, diz Guilherme Lima Guimarães, gerente de projetos da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais. “Trata-se de uma cadeia produtiva de valor enorme e disposta a investir.”

BIOTECNOLOGIA CRESCE
A hora é essa para os profissionais que desejam aproveitar a boa maré do setor. O engenheiro químico carioca Leonardo Bastos, de 33 anos, em junho assumiu como gerente de novos negócios da Monsanto, multinacional de defensivos e sementes convencionais e geneticamente modificadas. O engenheiro tem no currículo um MBA nos Estados Unidos, onde passou pela consultoria McKinsey e pela Johnson & Johnson, onde trabalhou, já no Brasil, com a linha de higiene para bebês. O que o atraiu para a Monsanto foi a possibilidade de trabalhar com biotecnologia. “O setor vai crescer muito no país e é uma ótima oportunidade para profissionais que, como eu, desejam ter uma carreira mais acelerada”, diz. Outro motivo da mudança tem a ver com as perspectivas da empresa, que tem planos de investimentos no país.

Até o final deste semestre, a Monsanto deve investir 32 milhões de dólares na ampliação da produção e armazenamento de sementes de híbridos de milho. A unidade de Itaí, no interior de São Paulo, fechada em 2006, será reativada. No ano passado a empresa anunciou o investimento de 28 milhões de dólares (em cinco anos) na abertura de novas estações de pesquisa, em Tocantins, Paraná e Rio Grande do Sul, para o desenvolvimento de uma variedade de soja, como parte da estratégia da empresa de dobrar o faturamento mundial até 2012. Para dar suporte a esse crescimento, a empresa criou a figura do gerente de talentos. “O nosso papel é antecipar as necessidades futuras da empresa em recursos humanos”, diz Alessandra Zaccheu. Ela assumiu o cargo em julho e está identificando as necessidades dos gestores em número e perfil de pessoas para ocupar os cargos previstos até 2012. Para a área de manufatura, por exemplo, a maior parte em operação de sementes, serão abertas 156 novas vagas, para os níveis iniciais de supervisão e gerência até 2009.

FINANÇAS, MARKETING E RH
A Syngenta, outra multinacional que atua nas áreas de defensivos e produção de sementes, acabou de mandar o advogado paulistano Tiago Achcar, de 32 anos, gerente jurídico sênior, para a Suíça, em um treinamento de dez dias sobre as várias áreas da empresa, como recursos humanos, marketing e finanças. O programa, que é anual, identifica 100 talentos entre os 21 000 profissionais da empresa no mundo. “O conhecimento do negócio é cada vez mais importante, independentemente da área em que o profissional atua”, diz Tiago. A empresa investiu 3 milhões de dólares em treinamento no ano passado, no Brasil, em cursos técnicos, de liderança, de idiomas, na área comercial e no MBA in company, realizado em parceria com a Fundação Dom Cabral.

A empresa, que é dividida em quatro regiões no mundo, tem um executivo brasileiro em posição de alto comando em três delas. Além disso, outros 12 executivos locais foram expatriados para ocupar cargos na Ásia, nos Estados Unidos e na América Latina. “O profissional com perfil empreendedor, atualizado em novas tecnologias, é o que precisamos”, diz Nilson Antonio de Oliveira, diretor de recursos humanos da Syngenta Proteção de Cultivos. A empresa, que tem 1 300 funcionários no país, nas suas duas unidades, planeja contratar 400 pessoas em 2009, das quais cerca de 60 para cargos de média gerência a diretor júnior. “O mercado cresceu 40% no último ano”, diz Maria Isabel Paiva, diretora de recursos humanos da Syngenta Sementes. Um dos mananciais de talentos da empresa são os programas de estágio e trainee. A cada dois anos, 100 estagiários são recrutados pela empresa e a taxa de aproveitamento é de 25%. “Estamos atraindo profissionais de várias áreas, de olho no crescimento do mercado”, diz Nilson. Para ter uma idéia, nos dez primeiros dias de inscrição para o programa de trainee deste ano, 3 800 pessoas se candidataram. “Aumentamos o número de vagas de 10 para 20”, diz Nilson, ele mesmo oriundo desse programa.

Cada vez mais as empresas buscam profissionais com formação eclética. Tarcísio Mauro Bonachela, de 41 anos, diretor de recursos humanos da Milênia Agrociências, fabricante de defensivos agrícolas, de Londrina, no Paraná, é um deles. Formado em engenharia agronômica, estudou na Índia, num programa cultural e profissional, e começou na Milênia em 2004, para uma vaga na área comercial. Em julho deste ano, ele assumiu a diretoria de recursos humanos. “O profissional valorizado hoje é aquele que toma decisões rápidas, que tem uma boa formação não só técnica, mas cultural”, diz. Empresa média, com 820 funcionários, a Milênia passou por uma reestruturação há quatro anos e toda a alta gerência foi substituída por profissionais de outros estados. “Foi uma decisão estratégica da empresa para ter pessoas com perfis e visões diferentes e com melhor formação”, diz Tarcísio, que no mês passado estava em São Paulo procurando executivos para ocupar três gerências na empresa, uma demonstração do movimento atual do setor.
Fonte: Você S/A OnLine




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